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Novas aventuras em mim (menor)

Aventuras em mim (menor)? Escrever é aventura, é incógnita. Viagem de dedos por sonhos, desejos, fantasias, pequenas e grandes coisas sobre mim e o mundo à minha volta. Desejo de partilha, também. De sentimentos, emoções, momentos, vivências, silêncios até. Quanto ao “menor”, é uma brincadeira, um pequeno trocadilho com a nota musical Mi menor. É, também, uma medida da minha humildade, da consciência brutal das minhas limitações como escriba.

31 janeiro 2006

Mozart para todos!...

Mozart anda em euforia pelas bocas do Mundo, neste tão humano tique de celebrar o génio alheio para varrer para debaixo do tapete os nossos fracassos. E, todavia, quantos de nós podem dizer, honestamente, que conhecem a sua música? Poucos, certamente... Se uma das razões invocadas for o preço dos CD's, rejubilai! O jornal "Público" arregaçou as mangas e oferece-nos a possibilidade de levarmos para casa a obra completa do compositor austríaco, a quatro euros por CD - e todas as semanas iremos metendo debaixo do braço um pacote de três. Esta é a boa notícia. A má é que são 90 CD's... Ou seja: 360 euros! Está bem que é mais de meio ano caminho do quiosque, mas nada altera o facto de deixarmos lá 360 euros... Para a porra do meu ordenado (745 eurozitos por mês...), é uma pequena fortuna. Bolas, que vontade de ganhar o Euromilhões!

Fiquem bem. Vemo-nos por aí...

27 janeiro 2006

Viva Mozart!


Foi há 250 anos. Em 27 de Janeiro de 1756, bem no coração da Áustria imperial, a cidade de Salzburgo adormeceu embalada pelo choro de um menino. Talvez um choro melodioso, talvez traquinas, talvez impaciente. Ninguém sabe, porque desse momento não rezam as estórias. Teve o devir estampado nos registos paroquiais: Joannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart (1), o bem-amado de Deus. O amor de Deus latinizou-se, a boca dourada foi um erro de cálculo (o ouvido, esse sim...) e hoje todos o conhecemos como Wolfgang Amadeus Mozart!
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O puto cresceu e aos três anos dedilhava terceiras no piano, aos quatro aprendia minuetes em meia-hora, aos cinco debutava na composição, aos seis deslumbrava a corte do imperador Francisco José (não, não é o da Sissi...), aos sete fazia uma birra até às lágrimas porque queria acompanhar ao violino um dos grandes mestres da época, aos onze compunha a sua primeira ópera ("Bastien und Bastienne") e aos doze punha em transe metade da Europa! O resto é o que sabe: “Don Giovanni”, "Cosi fan tute", "As bodas de Fígaro", "O rapto do serralho", "A flauta mágica", um Réquiem inacabado pelo último suspiro e uma constelação de sinfonias, valsas, quartetos, concertos para piano, missas e outras composições sobre as quais, burro e ignorante, não me atrevo a escrever uma linha que seja. Ultrapassa-me a alegria, a vivacidade, a leveza, a elegância, a profunda espiritualidade e sentimento do humano que se desprende da sua música... Alguém disse que Mozart veio a este mundo para provar a existência de Deus! Quem sou eu, ateu confesso e sem remissão, para o desmentir?...

Wolferl (2) nasceu 87 dias depois do terramoto que arrasou Lisboa. Terá sido uma forma de Deus pedir perdão aos homens?...

Corram para as aparelhagens e deslumbrem-se. Vemo-nos por aí...

(1) – “Chrysostomus” significa “boca dourada” e “Theophilus” é a palavra grega para “amor a Deus” ou “amar a Deus”.

(2) – Diminutivo com que a família o tratava, para rimar com o da irmã Anne Marie (Nannerl), também uma sobredotada para a música.

24 janeiro 2006

Filmes em saldo

"Fui à Fnac e fiz uma razia total". Era isto que me apetecia dizer. Como não ganhei o Euromilhões, contentei-me em trazer para casa dois filmes para juntar à minha colecção: o "Lawrence da Arábia" de David Lean e o "Shane" de George Stevens. Vinte euros, uma pechincha por duas obras-primas que vivem em mim desde garoto. E aconselho-vos um saltinho até à Fnac, porque até 7 de Fevereiro páram por lá dezenas e dezenas de filmes a 10 euros. Aconselho-vos, também, a andarem com com uma garrafinha de água bem gelada na mão não vá o entusiasmo tecê-las...
Entretanto, nas bancas, o "Público" prossegue a sua colecção dedicada ao Fantasporto e a revista "TV Guia" apresenta uma selecção de filmes portugueses dos anos 30 e 40 a 8 euros cada. Como se sabe, não são obras fundamentais da história do Cinema, mas marcam uma época e um estilo de representação que surpreende pela naturalidade, sabendo-se que todos aqueles actores provinham do teatro. E que delícia ver o Vasco Santana a filosofar com um candeeiro ou o António Silva a explicar os mistérios da rádio com ares de entendido. O calendário previsto é o seguinte:

TV Guia de 2006-01-23: O Pai Tirano
TV Guia de 2006-01-30: O Pátio das Cantigas
TV Guia de 2006-02-06: A Canção de Lisboa
TV Guia de 2006-02-13: O Leão da Estrela
TV Guia de 2006-02-20: A Severa
TV Guia de 2006-02-27: A Menina da Rádio
TV Guia de 2006-03-06: Maria Papoila
TV Guia de 2006-03-13: O Grande Elias
TV Guia de 2006-03-20: Aldeia da Roupa Branca
TV Guia de 2006-03-27: O Costa do Castelo
TV Guia de 2006-04-03: A Vizinha do Lado
TV Guia de 2006-04-10: Os Três da Vida Airada

Bons filmes. Fiquem bem. Vemo-nos por aí...

20 janeiro 2006

Credo, que cara!

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Esta “fotografia” recolhia-a no blog do João Heitor (http://suplementodealma.blogspot.com). Segundos atrás, com a já costumeira azelhice a raiar a falta de ética, um qualquer jornalista questionava Cavaco Silva sobre o teor de um “sound byte” de Santana Lopes: a sua ida para Belém seria “um sarilho institucional”. Atoarda que o próprio Cavaco, aliás, desconhecia! Naturalmente, como qualquer um de nós quando confrontados com idênticas situações, terá reagido em curto-circuito, como a montagem parece mostrar. Os pensamentos encravaram, as palavras fugiram-lhe da boca, as emoções vieram cá acima. Razão mais do que suficiente, segundo o João, para não se votar neste candidato. Extraordinário argumento, digo eu!

Desde muito cedo, desde que aos três anos eu e o Bambi nos derramámos em lágrimas na plateia do São Luís, aprendi que as imagens mentem, iludem, ocultam, não nos devolvem toda a verdade do evento que pretendem representar. Mais: as imagens contam histórias. E ainda mais: por vezes, contam a história que cada um muito bem entende colar-lhes. Além disso, tal como excertos de um romance ou de uma entrevista, se retiradas do seu contexto, da sua substância significante, podem querer dizer tudo e o seu contrário – é só deixar a imaginação à solta. Ainda por cima, num caso como este, de imagens em movimento aprisionadas num determinado instante, sem passado nem devir, qualquer consideração que vá para além do que realmente mostram não passa de masturbação intelectual, de projecção inconsciente dos nossos desejos e angústias, dos nossos preconceitos, do que realmente queremos ver nelas.

Suponhamos, por hipótese, que vêm (vemos) uma fotografia minha. Como sou deficiente motor, não tenho face de modelo Calvin Klein. Transporto comigo as asperezas que a vida entendeu serem as minhas, num quase permanente esgar de revolta… Não sou bonito de se ver - embora a Inês teime que sim! -, desvio o olhar que o espelho me devolve, tenho dias em que nem sequer suporto pensar que existo. Então eu, que não vós, poderia ser levado a pensar mil e uma coisas sobre mim que, porventura, poderiam não corresponder à realidade. Inclusivé, poderia pensar que tenho uma qualquer deficiência mental profunda, coitadinho! Se assim fosse, todavia, não poderia estar, aqui e agora, a escrever este texto. Como diz o ditado, as aparências podem iludir-nos, meio caminho andado para erros crassos…

Nas imagens, Cavaco Silva mete mais medo que o King Kong? Transmite hesitação, desnorte, insegurança? Creio que sim. O busílis da questão está na leitura que fazemos da situação. Não se estaria perante uma natural reacção de surpresa? E não poderia, simplesmente, ter-lhe aflorado ao rosto o famoso “direito à indignação” perante os desmandos infantis em que a nossa política se especializou, o decoro escoando-se pelo cano de esgoto das intrigas partidárias? Com isto, não quero defender o candidato, apenas pôr em forma de letra sentimentos profundos da população portuguesa em relação à forma como se vem exercendo a nobre actividade do bom governo da polis.

Considerações éticas à parte, sugiro que contemos os fotogramas acima reproduzidos. Poupo-vos o trabalho: 16. Menos de um segundo em tempo real. Mesmo que os fotogramas estejam intercalados, sei de fonte segura que o episódio durou três escassos segundos. Um piscar de olhos na vida de qualquer pessoa. Façamos um exercício: filmemo-nos a nós próprios e ponhamos o vídeo em "stand by" num qualquer fotograma, a meio de uma palavra. Que figura faríamos? E se estivéssemos em dia não e com cara de Kong? Pernas para que vos quero... E, no entanto, sabemos que não somos assim, não nos revemos naquela aventesma que nos olha de dentro do écrã. Por isso, avaliar alguém ou decidir um voto com base numa única reacção é de um primarismo a roçar a desonestidade intelectual.

Contrapôs o João que Mário Soares, do alto da majestade dos seus 81 anos, teria a réplica na ponta da língua. Não duvido! Aliás, é este o nosso eterno problema. Umas bocas aqui, umas larachas ali e cá vamos cantando e rindo alegremente. Precisamos, por amor a Portugal, de acordar, de arregaçar as mangas, de fazer e deixar fazer. Para ver se, de uma vez por todas, saímos da cepa torta. E tal desiderato só o atingiremos com profundas reformas, quer ao nível do Estado quer da sociedade civil. Com estabilidade política. Com rigor e exigência. Com trabalho e estudo. Com aquele espírito que nos levou às sete partidas do mundo em frágeis cascas de nozes.

Cavaco é sisudo e, por vezes, antipático? Pois é! Mas o que tem isso a ver com a governação do País? Já vai sendo é tempo de dizermos adeus ao jardim-de-infância para entrarmos na grande Universidade da vida. Da vida real, não a dos ismos. E aí não há facilidades nem palmadinhas nas costas, não há cavalgadas em tartarugas nas Seychelles nem praças da canção. Não se trata de renegar as ideologias, de renunciar a uma visão “poética” da política, mas tão-só de sermos pragmáticos, neste preciso momento. As oportunidades perdem-se, os nossos ideais viverão sempre no nosso coração. O PS e José Sócrates precisam, desesperadamente, de ajuda para terminarem o seu mandato, a fim de que as reformas necessárias se façam a tempo e horas, haja para tal vontade e firmeza de decisão. E não é com bonomia e versos que lá chegaremos, com um PREC II durante todos os dias dos próximos três anos, se acaso vencer um dos candidatos da dita esquerda. Por isso, contrariado na minha ideologia e no meu sentir – e em nome da honestidade intelectual acima reclamada -, tenho que pôr o interesse de Portugal acima dos meus humores e simpatias. Por isso, vou votar Cavaco Silva. Oxalá não me arrependa...

Fiquem bem. Vemo-nos por aí…

05 janeiro 2006

As portas do céu...

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Stand by me

When the night has come
And the land is dark
And the moon is the only light we see
No, I won't be afraid
Oh, I won't be afraid
Just as long as you stand
Stand by me, so

Darling, darling, stand by me
Oh, stand by me
Oh stand, stand by me, stand by me

If the sky that we look upon
Should tumble and fall
Or the mountain
Should crumble to the sea
I won't cry, I won't cry
No, I won't shed a tear
Just as long as you stand
Stand by me, stand by me

Darling, darling, stand by me
Oh, stand by me
Oh stand, stand by me, stand by.

Whenever you're in trouble
Won't you stand by me, oh stand by me
Oh, won't you stand now?
Stand by me

Ben E. King

01 janeiro 2006

As mãos limpas

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Imagine

Imagine there's no heaven,
It's easy if you try,
No hell below us,
Above us only sky,
Imagine all the people
living for today...

Imagine there's no countries,
It isnt hard to do,
Nothing to kill or die for,
No religion too,
Imagine all the people
living life in peace...

Imagine no possesions,
I wonder if you can,
No need for greed or hunger,
A brotherhood of man,
Imagine all the people
Sharing all the world...

You may say I'm a dreamer,
but I'm not the only one,
I hope some day you'll join us,
And the world will live as one.

John Lennon