Credo, que cara!
Esta “fotografia” recolhia-a no blog do João Heitor (http://suplementodealma.blogspot.com). Segundos atrás, com a já costumeira azelhice a raiar a falta de ética, um qualquer jornalista questionava Cavaco Silva sobre o teor de um “sound byte” de Santana Lopes: a sua ida para Belém seria “um sarilho institucional”. Atoarda que o próprio Cavaco, aliás, desconhecia! Naturalmente, como qualquer um de nós quando confrontados com idênticas situações, terá reagido em curto-circuito, como a montagem parece mostrar. Os pensamentos encravaram, as palavras fugiram-lhe da boca, as emoções vieram cá acima. Razão mais do que suficiente, segundo o João, para não se votar neste candidato. Extraordinário argumento, digo eu!
Desde muito cedo, desde que aos três anos eu e o Bambi nos derramámos em lágrimas na plateia do São Luís, aprendi que as imagens mentem, iludem, ocultam, não nos devolvem toda a verdade do evento que pretendem representar. Mais: as imagens contam histórias. E ainda mais: por vezes, contam a história que cada um muito bem entende colar-lhes. Além disso, tal como excertos de um romance ou de uma entrevista, se retiradas do seu contexto, da sua substância significante, podem querer dizer tudo e o seu contrário – é só deixar a imaginação à solta. Ainda por cima, num caso como este, de imagens em movimento aprisionadas num determinado instante, sem passado nem devir, qualquer consideração que vá para além do que realmente mostram não passa de masturbação intelectual, de projecção inconsciente dos nossos desejos e angústias, dos nossos preconceitos, do que realmente queremos ver nelas.
Suponhamos, por hipótese, que vêm (vemos) uma fotografia minha. Como sou deficiente motor, não tenho face de modelo Calvin Klein. Transporto comigo as asperezas que a vida entendeu serem as minhas, num quase permanente esgar de revolta… Não sou bonito de se ver - embora a Inês teime que sim! -, desvio o olhar que o espelho me devolve, tenho dias em que nem sequer suporto pensar que existo. Então eu, que não vós, poderia ser levado a pensar mil e uma coisas sobre mim que, porventura, poderiam não corresponder à realidade. Inclusivé, poderia pensar que tenho uma qualquer deficiência mental profunda, coitadinho! Se assim fosse, todavia, não poderia estar, aqui e agora, a escrever este texto. Como diz o ditado, as aparências podem iludir-nos, meio caminho andado para erros crassos…
Nas imagens, Cavaco Silva mete mais medo que o King Kong? Transmite hesitação, desnorte, insegurança? Creio que sim. O busílis da questão está na leitura que fazemos da situação. Não se estaria perante uma natural reacção de surpresa? E não poderia, simplesmente, ter-lhe aflorado ao rosto o famoso “direito à indignação” perante os desmandos infantis em que a nossa política se especializou, o decoro escoando-se pelo cano de esgoto das intrigas partidárias? Com isto, não quero defender o candidato, apenas pôr em forma de letra sentimentos profundos da população portuguesa em relação à forma como se vem exercendo a nobre actividade do bom governo da polis.
Considerações éticas à parte, sugiro que contemos os fotogramas acima reproduzidos. Poupo-vos o trabalho: 16. Menos de um segundo em tempo real. Mesmo que os fotogramas estejam intercalados, sei de fonte segura que o episódio durou três escassos segundos. Um piscar de olhos na vida de qualquer pessoa. Façamos um exercício: filmemo-nos a nós próprios e ponhamos o vídeo em "stand by" num qualquer fotograma, a meio de uma palavra. Que figura faríamos? E se estivéssemos em dia não e com cara de Kong? Pernas para que vos quero... E, no entanto, sabemos que não somos assim, não nos revemos naquela aventesma que nos olha de dentro do écrã. Por isso, avaliar alguém ou decidir um voto com base numa única reacção é de um primarismo a roçar a desonestidade intelectual.
Contrapôs o João que Mário Soares, do alto da majestade dos seus 81 anos, teria a réplica na ponta da língua. Não duvido! Aliás, é este o nosso eterno problema. Umas bocas aqui, umas larachas ali e cá vamos cantando e rindo alegremente. Precisamos, por amor a Portugal, de acordar, de arregaçar as mangas, de fazer e deixar fazer. Para ver se, de uma vez por todas, saímos da cepa torta. E tal desiderato só o atingiremos com profundas reformas, quer ao nível do Estado quer da sociedade civil. Com estabilidade política. Com rigor e exigência. Com trabalho e estudo. Com aquele espírito que nos levou às sete partidas do mundo em frágeis cascas de nozes.
Cavaco é sisudo e, por vezes, antipático? Pois é! Mas o que tem isso a ver com a governação do País? Já vai sendo é tempo de dizermos adeus ao jardim-de-infância para entrarmos na grande Universidade da vida. Da vida real, não a dos ismos. E aí não há facilidades nem palmadinhas nas costas, não há cavalgadas em tartarugas nas Seychelles nem praças da canção. Não se trata de renegar as ideologias, de renunciar a uma visão “poética” da política, mas tão-só de sermos pragmáticos, neste preciso momento. As oportunidades perdem-se, os nossos ideais viverão sempre no nosso coração. O PS e José Sócrates precisam, desesperadamente, de ajuda para terminarem o seu mandato, a fim de que as reformas necessárias se façam a tempo e horas, haja para tal vontade e firmeza de decisão. E não é com bonomia e versos que lá chegaremos, com um PREC II durante todos os dias dos próximos três anos, se acaso vencer um dos candidatos da dita esquerda. Por isso, contrariado na minha ideologia e no meu sentir – e em nome da honestidade intelectual acima reclamada -, tenho que pôr o interesse de Portugal acima dos meus humores e simpatias. Por isso, vou votar Cavaco Silva. Oxalá não me arrependa...
Fiquem bem. Vemo-nos por aí…
Desde muito cedo, desde que aos três anos eu e o Bambi nos derramámos em lágrimas na plateia do São Luís, aprendi que as imagens mentem, iludem, ocultam, não nos devolvem toda a verdade do evento que pretendem representar. Mais: as imagens contam histórias. E ainda mais: por vezes, contam a história que cada um muito bem entende colar-lhes. Além disso, tal como excertos de um romance ou de uma entrevista, se retiradas do seu contexto, da sua substância significante, podem querer dizer tudo e o seu contrário – é só deixar a imaginação à solta. Ainda por cima, num caso como este, de imagens em movimento aprisionadas num determinado instante, sem passado nem devir, qualquer consideração que vá para além do que realmente mostram não passa de masturbação intelectual, de projecção inconsciente dos nossos desejos e angústias, dos nossos preconceitos, do que realmente queremos ver nelas.
Suponhamos, por hipótese, que vêm (vemos) uma fotografia minha. Como sou deficiente motor, não tenho face de modelo Calvin Klein. Transporto comigo as asperezas que a vida entendeu serem as minhas, num quase permanente esgar de revolta… Não sou bonito de se ver - embora a Inês teime que sim! -, desvio o olhar que o espelho me devolve, tenho dias em que nem sequer suporto pensar que existo. Então eu, que não vós, poderia ser levado a pensar mil e uma coisas sobre mim que, porventura, poderiam não corresponder à realidade. Inclusivé, poderia pensar que tenho uma qualquer deficiência mental profunda, coitadinho! Se assim fosse, todavia, não poderia estar, aqui e agora, a escrever este texto. Como diz o ditado, as aparências podem iludir-nos, meio caminho andado para erros crassos…
Nas imagens, Cavaco Silva mete mais medo que o King Kong? Transmite hesitação, desnorte, insegurança? Creio que sim. O busílis da questão está na leitura que fazemos da situação. Não se estaria perante uma natural reacção de surpresa? E não poderia, simplesmente, ter-lhe aflorado ao rosto o famoso “direito à indignação” perante os desmandos infantis em que a nossa política se especializou, o decoro escoando-se pelo cano de esgoto das intrigas partidárias? Com isto, não quero defender o candidato, apenas pôr em forma de letra sentimentos profundos da população portuguesa em relação à forma como se vem exercendo a nobre actividade do bom governo da polis.
Considerações éticas à parte, sugiro que contemos os fotogramas acima reproduzidos. Poupo-vos o trabalho: 16. Menos de um segundo em tempo real. Mesmo que os fotogramas estejam intercalados, sei de fonte segura que o episódio durou três escassos segundos. Um piscar de olhos na vida de qualquer pessoa. Façamos um exercício: filmemo-nos a nós próprios e ponhamos o vídeo em "stand by" num qualquer fotograma, a meio de uma palavra. Que figura faríamos? E se estivéssemos em dia não e com cara de Kong? Pernas para que vos quero... E, no entanto, sabemos que não somos assim, não nos revemos naquela aventesma que nos olha de dentro do écrã. Por isso, avaliar alguém ou decidir um voto com base numa única reacção é de um primarismo a roçar a desonestidade intelectual.
Contrapôs o João que Mário Soares, do alto da majestade dos seus 81 anos, teria a réplica na ponta da língua. Não duvido! Aliás, é este o nosso eterno problema. Umas bocas aqui, umas larachas ali e cá vamos cantando e rindo alegremente. Precisamos, por amor a Portugal, de acordar, de arregaçar as mangas, de fazer e deixar fazer. Para ver se, de uma vez por todas, saímos da cepa torta. E tal desiderato só o atingiremos com profundas reformas, quer ao nível do Estado quer da sociedade civil. Com estabilidade política. Com rigor e exigência. Com trabalho e estudo. Com aquele espírito que nos levou às sete partidas do mundo em frágeis cascas de nozes.
Cavaco é sisudo e, por vezes, antipático? Pois é! Mas o que tem isso a ver com a governação do País? Já vai sendo é tempo de dizermos adeus ao jardim-de-infância para entrarmos na grande Universidade da vida. Da vida real, não a dos ismos. E aí não há facilidades nem palmadinhas nas costas, não há cavalgadas em tartarugas nas Seychelles nem praças da canção. Não se trata de renegar as ideologias, de renunciar a uma visão “poética” da política, mas tão-só de sermos pragmáticos, neste preciso momento. As oportunidades perdem-se, os nossos ideais viverão sempre no nosso coração. O PS e José Sócrates precisam, desesperadamente, de ajuda para terminarem o seu mandato, a fim de que as reformas necessárias se façam a tempo e horas, haja para tal vontade e firmeza de decisão. E não é com bonomia e versos que lá chegaremos, com um PREC II durante todos os dias dos próximos três anos, se acaso vencer um dos candidatos da dita esquerda. Por isso, contrariado na minha ideologia e no meu sentir – e em nome da honestidade intelectual acima reclamada -, tenho que pôr o interesse de Portugal acima dos meus humores e simpatias. Por isso, vou votar Cavaco Silva. Oxalá não me arrependa...
Fiquem bem. Vemo-nos por aí…
1 Comments:
Ele é espectacular, ele é LINDO !!!!
É O SUPER JÓ !!!! abram alas...
(pronto já estou a estudar a muitas horas e qdo isso acontece resulta disto... nave aos trambolhões...)
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