O FILME DO DIA - O grande combate
O grande combate/Cheyenne autumn (EUA, 1964, cor/2.20:1, 154m, *****, Canal Hollywood, 14h00).
Foi em 1939. Nesse ano de todos os prodígios (1), o western ganhou carta de nobreza. Pela mão de John Ford. Depois de "Cavalgada heróica/Stagecoach", o cinema jamais foi como antes. Cowboys, pistoleiros, canalhas sem lei nem grei, jogadores de póquer, Wyatt Earp e Doc Holliday na elegância do "Stetson" preto a direito na cabeça, índios sedentos de escalpes, donzelas em perigo, cavalgadas pelas pradarias, bangs e silvos de flechas, o 7º de Cavalaria, carruagens sulcando a erva alta, diligências em fuga, saloons e assaltos a bancos, prostitutas de voz rouca e coração de ouro, cavaleiros solitários que se diluem no horizonte ao pôr-do-Sol, ele e ela na charrete rumo à felicidade, John Wayne e Gary Cooper, Henry Fonda e James Stewart, foram passando do celulóide para os nossos corações, de simples imagens para matrizes fundadoras de imaginários diversos, de "factos" para lendas. Como muito tempo depois iria dizer Ford, nesse canto do cisne que é “O homem que matou Liberty Valance”: «When the legend becomes fact, prints the legend».
O filme de hoje é, quase, a negação de tudo isto. O sopro épico que Ford imprimia aos seus westerns dá lugar a uma desilusão profunda, o lirismo desencanta-se em penoso sofrimento, os heróis morreram e somente as damas conservam pitadas de inocência. Após quase 30 anos a matar peles-vermelhas, John Ford assina aqui um monumental desagravo à nação índia, nesta história do último combate possível: a fuga dos Cheyenne das reservas, numa jornada longa de 1500 quilómetros para uma morte digna na terra dos seus antepassados. Dos milhares que partiram, somente umas poucas dezenas pisam solo sagrado. Os outros, os afortunados, tombaram de fome e frio ao lado dos bisontes esfacelados ou abatidos pela insanidade de um major roído pela burocracia e pelo ódio.
Foi em 1939. Nesse ano de todos os prodígios (1), o western ganhou carta de nobreza. Pela mão de John Ford. Depois de "Cavalgada heróica/Stagecoach", o cinema jamais foi como antes. Cowboys, pistoleiros, canalhas sem lei nem grei, jogadores de póquer, Wyatt Earp e Doc Holliday na elegância do "Stetson" preto a direito na cabeça, índios sedentos de escalpes, donzelas em perigo, cavalgadas pelas pradarias, bangs e silvos de flechas, o 7º de Cavalaria, carruagens sulcando a erva alta, diligências em fuga, saloons e assaltos a bancos, prostitutas de voz rouca e coração de ouro, cavaleiros solitários que se diluem no horizonte ao pôr-do-Sol, ele e ela na charrete rumo à felicidade, John Wayne e Gary Cooper, Henry Fonda e James Stewart, foram passando do celulóide para os nossos corações, de simples imagens para matrizes fundadoras de imaginários diversos, de "factos" para lendas. Como muito tempo depois iria dizer Ford, nesse canto do cisne que é “O homem que matou Liberty Valance”: «When the legend becomes fact, prints the legend».
O filme de hoje é, quase, a negação de tudo isto. O sopro épico que Ford imprimia aos seus westerns dá lugar a uma desilusão profunda, o lirismo desencanta-se em penoso sofrimento, os heróis morreram e somente as damas conservam pitadas de inocência. Após quase 30 anos a matar peles-vermelhas, John Ford assina aqui um monumental desagravo à nação índia, nesta história do último combate possível: a fuga dos Cheyenne das reservas, numa jornada longa de 1500 quilómetros para uma morte digna na terra dos seus antepassados. Dos milhares que partiram, somente umas poucas dezenas pisam solo sagrado. Os outros, os afortunados, tombaram de fome e frio ao lado dos bisontes esfacelados ou abatidos pela insanidade de um major roído pela burocracia e pelo ódio.
Na vastidão dos 70mm, este é um filme que nos faz doer a alma.
(1) – 1939 foi também o ano de “E tudo o vento levou/Gone with the wind” e “O feiticeiro de Oz/The wizard of Oz”, ambos de Victor Fleming; de “Ninotchka”, de Ernst Lubitsch; de “Peço a palavra/Mr. Smith goes to Washington”, de Frank Capra. E de mais umas quantas obras-primas que agora não recordo.
Bons filmes. Fiquem bem. Vemo-nos por aí...
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