.comment-link {margin-left:.6em;}

Novas aventuras em mim (menor)

Aventuras em mim (menor)? Escrever é aventura, é incógnita. Viagem de dedos por sonhos, desejos, fantasias, pequenas e grandes coisas sobre mim e o mundo à minha volta. Desejo de partilha, também. De sentimentos, emoções, momentos, vivências, silêncios até. Quanto ao “menor”, é uma brincadeira, um pequeno trocadilho com a nota musical Mi menor. É, também, uma medida da minha humildade, da consciência brutal das minhas limitações como escriba.

26 agosto 2017

COSMOGONIA MALGACHE


Foto de Jorge Vargas.

Madagáscar, o lar dos lémures-de-cauda-anelada, separou-se de África há cerca de 160 milhões de anos, por acção do movimento da crosta terrestre sobre um manto viscoso de lava. O Homem chegou à quarta maior ilha do mundo há, mais coisa menos coisa, 2500 anos. Vieram do que é hoje a Indonésia.

Bom... como não podia deixar de ser, ao longo destes 2500 anos de ocupação humana, as diversas tribos criaram uma cosmogonia que lhes permitisse compreender o mundo à sua volta e a razão de estarem naquela ilha naquele exacto momento, a discorrerem sobre a natureza e sentido da existência.

Então, é assim: no princípio, havia um homem e duas mulheres, precursores da nossa espécie (a história, tanto quanto sei, é omissa quanto às suas origens). Isto de trios, quando se trata de partilha do mesmo tecto, normalmente resulta mal. As duas mulheres ficaram com ciúmes e o problema da paz conjugal resolveu-se com a varinha mágica do Harry Potter: uma das mulheres transformou-se num lémur-de-cauda anelada!

O "canto" matinal dos lémures-de-cauda-anelada (que demarca territórios e é um aviso contra intrusos) é o chamamento angustiado de uma mulher pela outra. Procuram unir o que alguém separou.

E agora, a pergunta idiota: porque é que o relato do Génesis há-de merecer mais credibilidade do que esta cosmogonia malgache?