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Novas aventuras em mim (menor)

Aventuras em mim (menor)? Escrever é aventura, é incógnita. Viagem de dedos por sonhos, desejos, fantasias, pequenas e grandes coisas sobre mim e o mundo à minha volta. Desejo de partilha, também. De sentimentos, emoções, momentos, vivências, silêncios até. Quanto ao “menor”, é uma brincadeira, um pequeno trocadilho com a nota musical Mi menor. É, também, uma medida da minha humildade, da consciência brutal das minhas limitações como escriba.

08 março 2006

Somos todos benfiquistas!

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Desde que me lembro, trago o Sporting no coração. Dizem-me que o meu primeiro amor foi o Benfica... Pode ter sido. Desse baptismo de fogo no mundo do pontapé na bola não guardo a mínima ideia, a contrariar a tese de que os primeiros amores dão forte e feio! Se calhar, não passou de uma paixoneta de ocasião, rematada com uma ida ao velhinho Estádio da Luz numa qualquer tarde de Domingo. Depois, veio o leão. A quem dei casa e pucarinho. Com ele, rugi nas vitórias e lambi as feridas das derrotas. Sempre sereno, sempre confiante. Sem verter bílis sobre quem professa outra "religião". Um sorriso amargo perante derrotas injustas ou uns palavrões quando a inépcia toma conta das canelas. E é tudo. Sou adepto mas não sou doente. Aquilo é um jogo, senhores! Um divertimento, um laxante para a alma. Não é "prozac" para o crocodilo que ainda vive em nós. Ou, pelo menos, não devia ser...

Dito isto, estou à vontade para afirmar o meu espanto pelas capelinhas de ódio que se espalham país fora. A ponto de haver quem fique doente só de ouvir o nome de outro clube. E desejar-lhe todas as desgraças deste mundo e do outro. E é isto que me faz mossa. Desejar que ganhe a nossa equipa, por mérito próprio ou azar alheio, é normal e saudável. O que já toca as raias da insanidade é desejar ardentemente que o Outro perca. Só porque é... o Outro!

Conheço pessoas que, hoje, estão de joelhos a implorar a derrota do Benfica em Liverpool. E nenhuma delas é inglesa! São todas portuguesinhas da silva na sua inveja e mesquinhez. O retrato perfeito do País. Se eu não tenho, tu também não hás-de ter! Pois contra esses Miguéis de Vasconcelos eu clamo: hoje somos todos benfiquistas! Vamos todos, colados ao televisor, sofrer com cada bola que passa ao lado do golo ou com os "dribles" taurinos do Rooney. Vamos todos pintar a alma de vermelho, bandeiras ao vento e cachecóis no aconchego do pescoço. E, no fim, qualquer que seja o desfecho, vamos todos ali ao café da esquina beber uma bejeca. Sem ódio nem amargura, apenas com a esperança de amanhã ser outro dia.

Força, Benfica! Fiquem bem. Vemo-nos por aí...

02 março 2006

O FILME DO DIA - O padrinho

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O padrinho/The godfather (EUA, 1972, cor/1.85:1, 170m, 5) de Francis Ford Coppola com Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Robert Duvall, Richard S. Castellano, Sterling Hayden, Diane Keaton – AXN, 22h30

“I believe in America. America’s made my fortune”. E é assim, com esta voz meio sussurrada meio gritada vinda das profundezas do ecrã, que começa uma das mais fascinantes sagas do Cinema. Depois, aos poucos, apercebemo-nos que a câmara está a recuar lentamente, sempre esteve. O rosto de quem fala emerge desse negrume inicial e, em tom humilde, vai contando uma história de fé e descrença – na democracia e na justiça (1). Majestoso, este travelling para trás demora três longos minutos, até revelar outro vulto, o de quem escuta, dedo na cabeça, em pose de infinita paciência. A voz esvai-se, a câmara pára. Pausa. Seco e cortante, o vulto interroga o homem sobre as suas intenções. Este levanta-se, contorna a secretária e segreda qualquer coisa ao outro. Pausa, um corte no plano, contra-campo e ei-lo, Don Corleone, isto é “o padrinho”, isto é Marlon Brando, a afastar qualquer esperança de ajuda apenas com um simples gesto de dedos a coçar levemente a cara. Porque ele é a Família e a Família é sagrada – e o homem ignorou-a sempre, até não ter para onde se voltar. Porque ele é o Poder e o Poder trata-se com respeito e absoluta reverência - não de mão estendida como um vulgar pedinte. E pronto, está dado o mote para um dos projectos mais operáticos da história do Cinema. Porque quem pensa que “O padrinho” é um filme de gangsters engana-se redondamente. Não é! É uma sinfonia em três andamentos sobre o Poder, os seus corredores e vielas escuras, a sua infinita solidão. Bem-vindos ao mundo de Francis Ford Coppola!

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(1) - Que educou a filha à maneira americana, mas ensinou-a a nunca desonrar a família. Que aceitou o seu namorado não italiano. Que não se importou quando chegaram tarde do cinema. Mas que está para além do que um pai pode suportar o namorado e um amigo terem tentado violá-la e, como ela defendeu a sua honra, deixarem-na escaqueirada na valeta. Que recorreu à Polícia e aos tribunais. Que o juíz lhes deu 3 anos de pena suspensa e os safados ainda se riram em pleno tribunal. Que, agora, a única hipótese de justiça era vir ter com Don Corleone...

Outras sugestões:
- Nascido a 4 de Julho/Born on the fourth of July, de Oliver Stone (Drama,1989 - Hollywood, 14h30).
- Sylvia Scarlett, de George Cukor (Drama, 1935 - RTP Memória, 16h00).
- Um rei e quatro rainhas/The king and four queens, de Raoul Walsh (Western, 1956 - Hollywood, 17h00).
- Os três dias do condor/Three days of the condor, de Sidney Pollack (Thriller, 1975 - Hollywood, 19h00).
- Grand Canyon - O coração da cidade/Grand Canyon, de Lawrence Kasdan (Drama, 1991 - SIC Mulher, 23h00).
- Os eleitos/The right stuff, de Philip Kaufman (Drama, 1983 - RTP1, 00h15) - Um épico deslumbrante e saborosamente longo (193m) sobre os primórdios do programa espacial americano.
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Fiquem bem. Vemo-nos por aí...