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Novas aventuras em mim (menor)

Aventuras em mim (menor)? Escrever é aventura, é incógnita. Viagem de dedos por sonhos, desejos, fantasias, pequenas e grandes coisas sobre mim e o mundo à minha volta. Desejo de partilha, também. De sentimentos, emoções, momentos, vivências, silêncios até. Quanto ao “menor”, é uma brincadeira, um pequeno trocadilho com a nota musical Mi menor. É, também, uma medida da minha humildade, da consciência brutal das minhas limitações como escriba.

08 junho 2006

O FILME DO DIA - Imperdoável

Imperdoável/Unforgiven (EUA, 1992, cor/2.35:1, 131m, 5) de Clint Eastwood com Clint Eastwood, Morgan Freeman, Gene Hackman, Richard Harris, Frances Fisher (Canal Hollywood, 21h00).

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Em 1992, quando estreou, este Imperdoável fez figura de OVNI. No meio da parafernália dos efeitos especiais e das comédias idiotas para adolescentes, aparecia um filme erguido sobre os cânones clássicos: primado dos actores, argumento sólido, planos que respiram o tempo suficiente para nos irmanarmos com a trama do filme, no mais clássico dos géneros do cinema americano. O “western”, pois claro! Só que, entretanto, tinha acontecido a guerra do Vietname, o Golfo Pérsico continuava em chamas e a Rússia abeirava-se de um ataque de nervos. E, é bom não esquecer, Sam Peckimpah tinha assinado a certidão de óbito dos heróis impolutos e idealistas com Os pistoleiros da noite/Ride the high country (1962) e A quadrilha selvagem/The wild bunch (1969).

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Nesta perspectiva, Imperdoável não podia ser senão a descida aos infernos que é. O que sabemos de William Munny (Clint Eastwood) resume-se ao melancólico plano de abertura: uma casa na pradaria, dois filhos, uma árvore sob a qual ergueu a campa da esposa. E, a bordejar o horizonte, o Sol no esplendor do ocaso. Sabemo-lo depois, quando uns canalhas espancam uma prostituta e, perante a bonomia de um xerife tão violento e despido de ética como os agressores, lhe vêm pedir que faça de anjo vingador, William Munny foi também um caçador de prémios. Mau como as cobras! O passado, por muito que se o atire para trás das costas, arranja sempre maneira de nos encurralar. William aceita esta “missão”, uma orgia de violência que é não só um ajuste de contas com o passado como a derradeira hipótese de redenção. E, neste tempo sem heróis, quando a poeira assenta e se varre o sangue das ruas, já não há silhuetas a bordejar o ocaso. Há uma casa na pradaria a que se regressa!

Obra-prima absoluta de Eastwood, Imperdoável ganhou quatro “Oscars”: melhor filme, melhor realizador, melhor actor secundário (Gene Hackman) e melhor montagem.

Outras sugestões:
- A mão que embala o berço/The hand that rocks the cradle (EUA, 1992, cor/1.85:1, 110m, 4) de Curtis Hanson com Annabella Sciorra, Rebecca De Mornay, Matt McCoy, Ernie Hudson, Julianne Moore.
- Lolita (EUA/GB, 1962, pb/1.66:1, 152m, 5) de Stanley Kubrick com James Mason, Shelley Winters, Sue Lyon, Gary Cockrell, Jerry Stovin.
- Alice (EUA, 1990, cor/1.85:1, 102m, 5) de Woody Allen com Mia Farrow, Alec Baldwin, Blythe Danner, Judy Davis, William Hurt, Joe Mantegna, Cybill Shepherd.

Bons filmes. Fiquem bem. Vemo-nos por aí...

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ganda filme. E passando ao lado do actor principal, prefiro o R. Duval ao G. Hackman... ver o recorrente 'Lonesome Dove':

http://www.imdb.com/title/tt0108839/

Abraço
pedro f.

quinta-feira, 08 junho, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Perdão pela gralha;-)...
o filme q eu queria referenciar(série televisiva que já passou há uns anos na nossa tv), com o R. Duvall e T. Lee Jones, é do Simon Wincer e de 1989...aqui:

http://www.imdb.com/title/tt0096639

pedro f.

quinta-feira, 08 junho, 2006  
Blogger susana said...

Jorge admiro a tua veia revivalista!Eu gosto e aprecio as coisas do passado, mas não fico presa a elas.Parece-me que de certa forma te encerraste no passado e "ignoras" quase tudo no presente.Este filme realmente é bom, mas tanbém há outros muitos bons hoje em dia.Devias actualizar-te mais!!
beijocas
Make my day...ehehehehe!

segunda-feira, 12 junho, 2006  
Blogger Jorge Vargas said...

Susana, o que motivou a escrever este pequeno comentário não tem a ver com revivalismo, é muito mais prosaico: o filme ia passar neste dia, era o melhor filme do dia e eu quis chamar a atenção para isso. Além disso, o filme não é antigo por aí além, tem 14 anos. E, está descansada, eu ando atento ao que se faz hoje em dia. Ou não achas que "Million dollar baby" é outras das obras-primas de Eastwood, o último dos grandes realizadores clássicos?

E porque diabo será assim tão bizarro e anti-social gostar de filmes antigos? Para além do óbvio critério da qualidade, ocorre-me dizer que, se eu gostar muito e muito de Rafael, Mozart ou Tolstoi ninguém estranha. Quando se trata de cinema, gostar de Griffith, Ford, Eisentein, Tarkovsky, Godard, Fellini e etc. é meio caminho andado para nos remeterem para o grupo dos cotas, dos manga de alpaca! Estranho, muito estranho!

Beijinhos

terça-feira, 13 junho, 2006  

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