O FILME DO DIA - E.T. - O extraterrestre
E.T. – O extraterrestre/E.T. – The extra-terrestrial (EUA, 1982, cor/1.85:1, 120m, 5) de Steven Spielberg com Henry Thomas, Dee Wallace, Peter Coyote, Robert MacNaughton, Drew Barrymore (M6, 16h10m).
“Ele tem medo. Ele está só. Ele encontra-se a três milhões de anos-luz de casa!”
Não me acontecia desde o Bambi. Nessa tarde de Outono, enquanto a cortina negra deslizava sobre o ecrã, as luzes da Sala 1 dos Alfas a acenderem-se e os meus colegas do Valsassina impacientes para debandar, fingi uma sessão de espirros e fungadelas - estas verdadeiras. Aos 19 anos, voltara a chorar baba e ranho no cinema! Sorte a minha, o John Williams ter queda para espaventosas sonoridades...
Tal como a maioria dos filmes de Spielberg desde Asfalto quente (1974), E.T – O extraterrestre constrói-se sob o signo da família, do regresso ao lar e da dor da separação. Família perdida – a de E.T., obrigada a abandoná-lo na Terra para escapar aos caçadores de OVNI’s –, família em sofrimento e ruptura no digerir de um divórcio e a braços com a ausência do pai - a de Elliott, o rapazinho que o acolhe.
Spielberg estabelece, logo de início, um elo entre os garotos e o pequeno ser que sai da floresta e desce a colina atraído pelas luzes da cidade. Há desorientação e angústia, há um tremendo vazio que urge preencher. Elliott, também ele, principalmente ele, sente-se abandonado, incompreendido, posto à margem (o jogo em que Michael, o irmão mais velho, não o deixa entrar), o moço de recados que apenas serve para ir lá fora esperar pela “pizza” que os outros encomendaram à revelia das suas preferências. Por isso, escuda-se atrás de um forte individualismo, de um quase inocente desprezo pelos sentimentos alheios – chama “cara de pénis” ao irmão, não poupa a mãe à recordação de que o pai partiu com a amante para nunca mais voltar.
A “pizza”, claro!, é o que Hitchcock chamava de “macguffin”: não interessa para nada, só lá está como pretexto para meter o filme nos carris, mão invisível a entrelaçar destinos. É quando a vai buscar que Elliott ouve ruídos nas traseiras. A luz do barracão das ferramentas, entremeada na neblina, devolve-nos à infância, aos contos de fadas onde tudo é possível. Uma bola atirada, uma bola devolvida. Primeiro susto e primeiro veredicto: coiotes, é a opinião de Michael. Mas um coiote não pode atirar bolas, sente o garoto. E, nessa madrugada, Elliott voltará ao quintal, seguirá um rasto e segundo susto. Ele e E.T. aos berros, o retorno à floresta De crocodilo a gnomo, todas as hipóteses são postas em cima da mesa - nessa cozinha em que, desesperados, procuramos a voz conciliadora de um pai ausente.
Ao espalhar “Smarties” pelos bosques, como engodo, Elliott está a obedecer ao seu coração. Tão grande, sabemo-lo agora!, que o faz dormir no quintal, cobertor no corpo, lanterna na mão, a esperança como companhia. E o milagre acontece! Numa das mais belas sequências do filme, Elliott acorda com um restolhar e dá de caras com E.T., nascendo da luz e da momentaneamente serena partitura de John Williams. Entre o pânico e o deslumbramento, o seu corpo queda-se por ali. E, quando E.T. lhe deposita “Smarties” aos pés, já não restam dúvidas de que essa é uma dádiva de amizade e de paz.
E são os “Smarties”, perene símbolo da infância, que levam E.T. até ao quarto de Elliott. Que, num impulso paternal, o cobre com uma manta. Primeiro frente-a-frente, olhos nos olhos da descoberta. De quem eu sou e de quem tu és. Gestos que ecoam no outro (esfregar o nariz, mexer um dedo, acenar), emoções que se partilham. Ao reconhecer-se na diferença, Elliott deixa cair a máscara e abre-se para nós num dos mais belos sorrisos da história do Cinema. A solidão foi vencida e, pela primeira vez desde o início do filme, Spielberg faz com que duas personagens dividam entre si o centro do ecrã. A partir daqui, E.T. e Elliott serão a mesma pessoa, sentirão os sentimentos um do outro, sonharão os sonhos um do outro, viverão as alegrias um do outro, chorarão as dores um do outro. De batráquio humanóide que nem sequer sabemos se tem alma, E.T. é, agora e para sempre, a nossa imagem no espelho!
Longe de casa, num planeta inóspito, E.T. revela-se, também, a argamassa que vai unir os três irmãos. Na cumplicidade do segredo, nos saberes que se trocam, na difícil carpintaria do viver, na aquisição da palavra como ponte para o pleno entendimento. Claro que há bolas de plasticina que rodopiam no ar como um sistema solar, flores murchas a arrebitar, uma ferida que se cura pelo toque do seu longo e luminoso dedo. Mas é o uso da linguagem articulada que, definitivamente, entranha E.T. no coração daqueles garotos. Por isso, tudo vão fazer para que regresse a casa. “E.T. phone home, E.T. phone home!”: ele quer partir, ele tem que partir ou é morte certa, a sua resistência ao nosso ambiente a atingir o limite.
O que acaba por acontecer, apesar dos esforços de médicos e cientistas que, descobrindo-o em casa de Elliott, já moribundo, o reclamam em nome da Ciência. “Ele veio ter comigo! Ele veio ter comigo!”, chora o garoto, enquanto ambos definham ao compasso de agulhas e electrochoques. Apesar disso, E.T. é capaz ainda do derradeiro sacrifício, ao quebrar o elo que o unia a Elliott, ao negar a vida para a devolver ao outro.
E, quando tudo parece perdido, quando a solidão regressa pujante, quando os tons de cinzento contaminam a soberba fotografia de Allen Daviau, mais uma vez é o amor que triunfa. Destroçado, junto à urna frigorífica onde jaz E.T., Elliott confessa-se: “Olha só o que te fizeram. Deves estar morto, porque já não sei o que sentir. Já não consigo sentir nada... Já foste para outro sítio. Acreditarei em ti toda a minha vida. Todos os dias. E.T., amo-te!” E, nesse momento, o coração de E.T volta a iluminar-se, tal como víramos no início do filme. As flores vicejam, Elliott grita de alegria, E.T. quer à viva força “phone home”. Depois, todos a temos plasmada à memória, é essa louca corrida de bicicletas, por terra e pelos ares, que leva E.T. ao ponto de encontro com os seus, na floresta.
A luz, pulsando na alma de E.T e jorrando da nave, mais do que a urgência em conhecer os mistérios do universo, simboliza a nossa necessidade de amar e ser amado, de proteger e ser protegido. Nessa hora do adeus, entre um “Fica” e um “Vem” impossíveis de cumprir, quando abraça Elliott e lhe diz, tocando-lhe com o dedo na cabeça, “Eu estarei aqui!”, E.T. é já o substituto do pai que partiu. E, atrevo-me a dizê-lo, émulo daquele homem que calcorreou a aridez da Galileia, há dois mil anos...
Sei que já falei demais e, provavelmente, roubei-vos o prazer de reverem o filme. Por isso, só mais umas notas rápidas:
1 – A luz é, a par da família, o mais recorrente dos temas na filmografia de Spielberg. Simboliza o bem, a pureza de sentimentos, até mesmo o toque do divino nas nossas vidas. E luz é o que mais abunda neste filme, desde esse plano inicial do céu estrelado. Na nave alienígena, nas lanternas que perseguem E.T., na cidade que o atrai. A luz, filtrada pelos estores, banha a casa de Elliott como num quadro de Vermeer ou Franz Halls. Há um Sol e uma Lua descomunais. E, no fim, há esse rasto da nave transformado no arco-iris da união de todos os povos.
2 – E.T. – O extraterrestre é, obviamente, uma homenagem à infância. Lá estão as bicicletas, as brincadeiras de Halloween, os livros de banda desenhada donde E.T. retira a ideia do transmissor, etc. Mas é, também, um tributo ao cinema: na TV, vamos vendo imagens de filmes de ficção científica dos anos 50 e dessa obra-prima de John Ford, O homem tranquilo.
3 – Os actores que dão vida aos três irmãos roçam a excelência, vivendo aquela história como real. De facto, Spielberg resolveu filmar em continuidade, sem saltos ou retrocessos no guião, de maneira que os garotos foram desenvolvendo as suas emoções à medida que a história deslizava e, no fim, E.T era já de carne e osso. E, se necessário fosse, Spielberg provava aqui a sua genialidade: contido nas cenas mais íntimas, feérico na aventura.
4 - E, finalmente, quero tirar o chapéu à partitura de John Williams. Caso raro, a banda sonora de E.T. é composta, não de temas isolados, mas por uma ária única de que vamos ouvindo trechos ao longo do filme e que, finalmente, explode na alegria de uma bicicleta que levanta voo rumo à Lua. De melíflua e ameaçadora ao princípio, fecha com uma orgia operática de felicidade e esperança num mundo melhor, aquando da subida da nave aos céus.
Quase vinte e quatro anos volvidos sobre essa tarde de Outono em que o acolhi em cada fibra do meu corpo, E.T. – O extraterrestre não ganhou uma ruga, não perdeu o brilho no olhar. Cada vez que o ponho no leitor de DVD's, um vale de lágrimas corre-me pela sala. Continua o filme mágico, comovente, terno e divertido que nos arrebatou e nos devolveu o prazer da infância. É por isso, por fazer apelo ao que de melhor há em nós, que merece continuar a ser infinitamente amado! E que devia ser visto e revisto nas nossas escolas: funciona melhor do que mil discursos contra o racismo e a intolerância.
P.S. – Podem ir até http://www.imdb.com/ e, na pesquisa, escrever “E.T.” e, depois, clicar em “Photos”. As saudades também se matam assim...
Outras sugestões:
- Casablanca (EUA, 1942, pb/1.37:1, 102m, 5) de Michael Curtiz com Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid, Claude Rains, Conrad Veidt (TCM, 20h00). Nem imaginam a dificuldade que tive em preterir este mítico filme a E.T., como filme do dia. Fica para a próxima.
- O sargento de ferro/Heartbreak Ridge (EUA, 1986, cor/1.85:1, 130m, 4) de Clint Eastwood com Clint Eastwood, Marsha Mason, Everett McGill, Moses Gunn, Eileen Heckhart.
- Poltergeist – O fenómeno/Poltergeist (EUA, 1982, cor/2.35:1, 114m, 4) de Tobe Hooper e (não creditado) Steven Spielberg com Craig T. Nelson, JoBeth Williams, Beatrice Straight, Dominique Dunne, Oliver Robbins
Com um fraterno abraço, dedico este “post” ao Ricardo Morais-Pequeno, irmão de armas nos corredores da Faculdade e da vida. Parabéns pelos 39 anos, companheiro!
Bons filmes. Fiquem bem. Vemo-nos por aí...
“Ele tem medo. Ele está só. Ele encontra-se a três milhões de anos-luz de casa!”
Não me acontecia desde o Bambi. Nessa tarde de Outono, enquanto a cortina negra deslizava sobre o ecrã, as luzes da Sala 1 dos Alfas a acenderem-se e os meus colegas do Valsassina impacientes para debandar, fingi uma sessão de espirros e fungadelas - estas verdadeiras. Aos 19 anos, voltara a chorar baba e ranho no cinema! Sorte a minha, o John Williams ter queda para espaventosas sonoridades...
Tal como a maioria dos filmes de Spielberg desde Asfalto quente (1974), E.T – O extraterrestre constrói-se sob o signo da família, do regresso ao lar e da dor da separação. Família perdida – a de E.T., obrigada a abandoná-lo na Terra para escapar aos caçadores de OVNI’s –, família em sofrimento e ruptura no digerir de um divórcio e a braços com a ausência do pai - a de Elliott, o rapazinho que o acolhe.
Spielberg estabelece, logo de início, um elo entre os garotos e o pequeno ser que sai da floresta e desce a colina atraído pelas luzes da cidade. Há desorientação e angústia, há um tremendo vazio que urge preencher. Elliott, também ele, principalmente ele, sente-se abandonado, incompreendido, posto à margem (o jogo em que Michael, o irmão mais velho, não o deixa entrar), o moço de recados que apenas serve para ir lá fora esperar pela “pizza” que os outros encomendaram à revelia das suas preferências. Por isso, escuda-se atrás de um forte individualismo, de um quase inocente desprezo pelos sentimentos alheios – chama “cara de pénis” ao irmão, não poupa a mãe à recordação de que o pai partiu com a amante para nunca mais voltar.
A “pizza”, claro!, é o que Hitchcock chamava de “macguffin”: não interessa para nada, só lá está como pretexto para meter o filme nos carris, mão invisível a entrelaçar destinos. É quando a vai buscar que Elliott ouve ruídos nas traseiras. A luz do barracão das ferramentas, entremeada na neblina, devolve-nos à infância, aos contos de fadas onde tudo é possível. Uma bola atirada, uma bola devolvida. Primeiro susto e primeiro veredicto: coiotes, é a opinião de Michael. Mas um coiote não pode atirar bolas, sente o garoto. E, nessa madrugada, Elliott voltará ao quintal, seguirá um rasto e segundo susto. Ele e E.T. aos berros, o retorno à floresta De crocodilo a gnomo, todas as hipóteses são postas em cima da mesa - nessa cozinha em que, desesperados, procuramos a voz conciliadora de um pai ausente.
Ao espalhar “Smarties” pelos bosques, como engodo, Elliott está a obedecer ao seu coração. Tão grande, sabemo-lo agora!, que o faz dormir no quintal, cobertor no corpo, lanterna na mão, a esperança como companhia. E o milagre acontece! Numa das mais belas sequências do filme, Elliott acorda com um restolhar e dá de caras com E.T., nascendo da luz e da momentaneamente serena partitura de John Williams. Entre o pânico e o deslumbramento, o seu corpo queda-se por ali. E, quando E.T. lhe deposita “Smarties” aos pés, já não restam dúvidas de que essa é uma dádiva de amizade e de paz.
E são os “Smarties”, perene símbolo da infância, que levam E.T. até ao quarto de Elliott. Que, num impulso paternal, o cobre com uma manta. Primeiro frente-a-frente, olhos nos olhos da descoberta. De quem eu sou e de quem tu és. Gestos que ecoam no outro (esfregar o nariz, mexer um dedo, acenar), emoções que se partilham. Ao reconhecer-se na diferença, Elliott deixa cair a máscara e abre-se para nós num dos mais belos sorrisos da história do Cinema. A solidão foi vencida e, pela primeira vez desde o início do filme, Spielberg faz com que duas personagens dividam entre si o centro do ecrã. A partir daqui, E.T. e Elliott serão a mesma pessoa, sentirão os sentimentos um do outro, sonharão os sonhos um do outro, viverão as alegrias um do outro, chorarão as dores um do outro. De batráquio humanóide que nem sequer sabemos se tem alma, E.T. é, agora e para sempre, a nossa imagem no espelho!
Longe de casa, num planeta inóspito, E.T. revela-se, também, a argamassa que vai unir os três irmãos. Na cumplicidade do segredo, nos saberes que se trocam, na difícil carpintaria do viver, na aquisição da palavra como ponte para o pleno entendimento. Claro que há bolas de plasticina que rodopiam no ar como um sistema solar, flores murchas a arrebitar, uma ferida que se cura pelo toque do seu longo e luminoso dedo. Mas é o uso da linguagem articulada que, definitivamente, entranha E.T. no coração daqueles garotos. Por isso, tudo vão fazer para que regresse a casa. “E.T. phone home, E.T. phone home!”: ele quer partir, ele tem que partir ou é morte certa, a sua resistência ao nosso ambiente a atingir o limite.
O que acaba por acontecer, apesar dos esforços de médicos e cientistas que, descobrindo-o em casa de Elliott, já moribundo, o reclamam em nome da Ciência. “Ele veio ter comigo! Ele veio ter comigo!”, chora o garoto, enquanto ambos definham ao compasso de agulhas e electrochoques. Apesar disso, E.T. é capaz ainda do derradeiro sacrifício, ao quebrar o elo que o unia a Elliott, ao negar a vida para a devolver ao outro.
E, quando tudo parece perdido, quando a solidão regressa pujante, quando os tons de cinzento contaminam a soberba fotografia de Allen Daviau, mais uma vez é o amor que triunfa. Destroçado, junto à urna frigorífica onde jaz E.T., Elliott confessa-se: “Olha só o que te fizeram. Deves estar morto, porque já não sei o que sentir. Já não consigo sentir nada... Já foste para outro sítio. Acreditarei em ti toda a minha vida. Todos os dias. E.T., amo-te!” E, nesse momento, o coração de E.T volta a iluminar-se, tal como víramos no início do filme. As flores vicejam, Elliott grita de alegria, E.T. quer à viva força “phone home”. Depois, todos a temos plasmada à memória, é essa louca corrida de bicicletas, por terra e pelos ares, que leva E.T. ao ponto de encontro com os seus, na floresta.
A luz, pulsando na alma de E.T e jorrando da nave, mais do que a urgência em conhecer os mistérios do universo, simboliza a nossa necessidade de amar e ser amado, de proteger e ser protegido. Nessa hora do adeus, entre um “Fica” e um “Vem” impossíveis de cumprir, quando abraça Elliott e lhe diz, tocando-lhe com o dedo na cabeça, “Eu estarei aqui!”, E.T. é já o substituto do pai que partiu. E, atrevo-me a dizê-lo, émulo daquele homem que calcorreou a aridez da Galileia, há dois mil anos...
Sei que já falei demais e, provavelmente, roubei-vos o prazer de reverem o filme. Por isso, só mais umas notas rápidas:
1 – A luz é, a par da família, o mais recorrente dos temas na filmografia de Spielberg. Simboliza o bem, a pureza de sentimentos, até mesmo o toque do divino nas nossas vidas. E luz é o que mais abunda neste filme, desde esse plano inicial do céu estrelado. Na nave alienígena, nas lanternas que perseguem E.T., na cidade que o atrai. A luz, filtrada pelos estores, banha a casa de Elliott como num quadro de Vermeer ou Franz Halls. Há um Sol e uma Lua descomunais. E, no fim, há esse rasto da nave transformado no arco-iris da união de todos os povos.
2 – E.T. – O extraterrestre é, obviamente, uma homenagem à infância. Lá estão as bicicletas, as brincadeiras de Halloween, os livros de banda desenhada donde E.T. retira a ideia do transmissor, etc. Mas é, também, um tributo ao cinema: na TV, vamos vendo imagens de filmes de ficção científica dos anos 50 e dessa obra-prima de John Ford, O homem tranquilo.
3 – Os actores que dão vida aos três irmãos roçam a excelência, vivendo aquela história como real. De facto, Spielberg resolveu filmar em continuidade, sem saltos ou retrocessos no guião, de maneira que os garotos foram desenvolvendo as suas emoções à medida que a história deslizava e, no fim, E.T era já de carne e osso. E, se necessário fosse, Spielberg provava aqui a sua genialidade: contido nas cenas mais íntimas, feérico na aventura.
4 - E, finalmente, quero tirar o chapéu à partitura de John Williams. Caso raro, a banda sonora de E.T. é composta, não de temas isolados, mas por uma ária única de que vamos ouvindo trechos ao longo do filme e que, finalmente, explode na alegria de uma bicicleta que levanta voo rumo à Lua. De melíflua e ameaçadora ao princípio, fecha com uma orgia operática de felicidade e esperança num mundo melhor, aquando da subida da nave aos céus.
Quase vinte e quatro anos volvidos sobre essa tarde de Outono em que o acolhi em cada fibra do meu corpo, E.T. – O extraterrestre não ganhou uma ruga, não perdeu o brilho no olhar. Cada vez que o ponho no leitor de DVD's, um vale de lágrimas corre-me pela sala. Continua o filme mágico, comovente, terno e divertido que nos arrebatou e nos devolveu o prazer da infância. É por isso, por fazer apelo ao que de melhor há em nós, que merece continuar a ser infinitamente amado! E que devia ser visto e revisto nas nossas escolas: funciona melhor do que mil discursos contra o racismo e a intolerância.
P.S. – Podem ir até http://www.imdb.com/ e, na pesquisa, escrever “E.T.” e, depois, clicar em “Photos”. As saudades também se matam assim...
Outras sugestões:
- Casablanca (EUA, 1942, pb/1.37:1, 102m, 5) de Michael Curtiz com Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid, Claude Rains, Conrad Veidt (TCM, 20h00). Nem imaginam a dificuldade que tive em preterir este mítico filme a E.T., como filme do dia. Fica para a próxima.
- O sargento de ferro/Heartbreak Ridge (EUA, 1986, cor/1.85:1, 130m, 4) de Clint Eastwood com Clint Eastwood, Marsha Mason, Everett McGill, Moses Gunn, Eileen Heckhart.
- Poltergeist – O fenómeno/Poltergeist (EUA, 1982, cor/2.35:1, 114m, 4) de Tobe Hooper e (não creditado) Steven Spielberg com Craig T. Nelson, JoBeth Williams, Beatrice Straight, Dominique Dunne, Oliver Robbins
Com um fraterno abraço, dedico este “post” ao Ricardo Morais-Pequeno, irmão de armas nos corredores da Faculdade e da vida. Parabéns pelos 39 anos, companheiro!
Bons filmes. Fiquem bem. Vemo-nos por aí...
2 Comments:
boa tarde jó, confesso que estou a fazer um comentario mas ainda n li o texto... ando sem tempo para nada, quero fazer mt coisa ao mesmo tempo, ou melhor quero divertir.m mt e trabalhar pouco...
só aqui vim para deixar 1grande beijão KISS KISS :)
eu não adoro este filme
mas adoro as pessoas que adoram este filme
um abraço de muito saudade
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