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Novas aventuras em mim (menor)

Aventuras em mim (menor)? Escrever é aventura, é incógnita. Viagem de dedos por sonhos, desejos, fantasias, pequenas e grandes coisas sobre mim e o mundo à minha volta. Desejo de partilha, também. De sentimentos, emoções, momentos, vivências, silêncios até. Quanto ao “menor”, é uma brincadeira, um pequeno trocadilho com a nota musical Mi menor. É, também, uma medida da minha humildade, da consciência brutal das minhas limitações como escriba.

09 maio 2006

Um café, madrugada adentro...


Photobucket - Video and Image Hosting

Uma rua, um café, o céu à noite. Podia ser em qualquer parte onde haja homens, mulheres e crianças com estados de alma para trocar. Até mesmo silêncios e olhares. Podia ser na minha Cuba natal. Naquelas longas noites de Verão quando, após um dia tórrido, o ar está sereno, empastado de uma tepidez que convida a sair de casa e ficar, madrugada adentro, em amena cavaqueira ou acenando aos meteoritos na urgência de um desejo para satisfazer. Podia ser! Mas este quadro – “Exterior de café, à noite, na Place du Forum” – foi pintado por Vicent van Gogh em Setembro de 1888, na cidade de Arles. A alma humana é universal…

A composição, à primeira vista, é dominada pela presença avassaladora do espaço de convívio. Com efeito, a fachada do café e a esplanada parece que se destacam do resto do conjunto, causam impacto no olhar. O que sobressai no primeiro plano do quadro é essa amálgama de madeira, mesas e cadeiras fortemente iluminada pela luz do candeeiro de parede e pela que vem do interior. Da alma?... Do café?...

Toda esta luz se plasma à calçada, enchendo esta parte da rua com uma claridade resplandecente. No entanto, à volta tudo é bem mais sombrio, a parca iluminação a derramar-se lá das alturas celestes e da intimidade dos lares, num contraste bem marcado e apelativo.

Olhando com mais atenção, porém, verifica-se que toda a perspectiva do quadro desvia o olhar na vertical. De facto, quer a verga da porta quer a pérgula quer, ainda, as empenas das casas puxam-nos os olhos. Chamam-nos a atenção, o que faz com que sejamos obrigados a dirigi-los para cima. E é esta direcção do olhar que vai dar origem ao contraste entre a luz e a sombra, acima mencionado.

E porquê esta opção do pintor? Apesar da imagem convidativa do café, banhado nos tons quentes do vermelho e do amarelo, creio que van Gogh procurava, no entanto, a paz do céu, a sua harmonia. Talvez relaxar o seu espírito. Tanto mais quanto sabemos que a sua vida foi bastante difícil. Aliás, van Gogh disse uma vez: “Tenho... uma terrível necessidade... devo dizer a palavra?... de religião. Então, saio à noite e pinto as estrelas.”

Por isso, talvez na ânsia de atingir uma felicidade que a vida lhe negava, van Gogh pinta com paixão, com garra, com entusiasmo. Entrega-se totalmente ao momento e isso nota-se no traço duro, nas fortes pinceladas, corpo e alma fertilizando-se mutuamente na cavalgada das emoções.

Fiquem bem. Vemo-nos por aí…

2 Comments:

Blogger susana said...

Como adivinhaste que tenho mesmo em frente ao meu pc, uma réplica desse quadro, pintada por um estudante de arte? Mais uma vez nos cruzamos, nos gostos, nas palavras e quem sabe em algo mais!!
Também tenho uma cópia do Irís, aque chamam os Lírios de Van gogh!!
Escreveste muito sobre a alma do poeta, sobre a sua vida e os seus (TEUS?)anseios, mas esqueceste de referir a parte técnica!! Estilo fovismo, uma derivação do impressionismo!!!
beijocas e vai comentar a blogs qque falem de arte, para ver se vem aqui mais gente!!!

quarta-feira, 10 maio, 2006  
Blogger Jorge Vargas said...

Minha querida Susana, se fosse escrever sobre a técnica, saíria asneira certa. Porque disso pouco ou nada percebo... O que me move são as emoções que os quadros despertam em mim, as recordações que me fazem reviver, a beleza primária que me entra pelos olhos. Não nego que a arrumação das coisas em prateleiras pode ser útil, mas será que um quadro é mais belo porque sabemos que é do impressionismo, do fauvismo ou do cubismo? Talvez sim... ou talvez não.

De qualquer modo, Susana, se fosse bruxo adivinhava coisas mais úteis do que os quadros que os meus amigos têm em frente ao PC, LOL! Sei lá, adivinhava o Euromilhões...

Beijocas para ti e obrigado pelos comentários. És a única. Mas, como diz o ditado, vale mais poucos e bons do que muita asneira junta.

Beijinhos

quarta-feira, 10 maio, 2006  

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