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Novas aventuras em mim (menor)

Aventuras em mim (menor)? Escrever é aventura, é incógnita. Viagem de dedos por sonhos, desejos, fantasias, pequenas e grandes coisas sobre mim e o mundo à minha volta. Desejo de partilha, também. De sentimentos, emoções, momentos, vivências, silêncios até. Quanto ao “menor”, é uma brincadeira, um pequeno trocadilho com a nota musical Mi menor. É, também, uma medida da minha humildade, da consciência brutal das minhas limitações como escriba.

15 fevereiro 2006

Tibiezas

Nas manhãs da RTP 1, o programa "Bom Dia, Portugal" puxa os galões de serviço público numa rubrica intitulada "Bom Português". Dá-se um exemplo de uma palavra ou expressão nas versões correcta e errada. Depois, a reportagem do nosso (des)conhecimento, o microfone pelas ruas e, hélas!, afinal não é o desastre que se podia prever. Bem, há uma coisa chamada montagem... Mas acredito que a maior parte das entrevistas não envergonhe ninguém. Depois, a correcção do T.P.C. Sempre dá para tirar umas dúvidas íntimas que nem às paredes confessamos - pois, como é sabido, elas têm ouvidos!

Um dia destes, o problema proposta era escolher entre "maquilhagem" e "maquiagem". Qual a dificuldade? Eu e quantos milhões de cidadãos como eu a quem foi ensinada a língua de Camões, poderíamos jurar a pés juntos que "maquiagem" deve ser acidente de quem está com muita pressa e se esqueceu de carregar nas teclas e rever o texto. Embora a TV estivesse sem som - no meu prédio dorme-se até às tantas, a gozar merecidas reformas -, o movimento dos lábios de quem respondia levou um sorriso aos meus. Pois claro! Então não era óbvio? Parece que não... Sobre o fundo azul dos mares por Camões cantados, em vez de aparecer um tracinho "nike" verde e uma cruzinha vermelha, esbugalhei os olhos, esfreguei-os, pisquei-os; até revi o que fizera nessa noite, não se fosse dar o caso de ter bebido uns copitos! Mas não! Eram mesmo dois tracinhos. A douta explicação, naquele habitual tom de mestre-escola, não a ouvi - o gozo das reformas assim o dita. Adivinho, no entanto, uns salamaleques com traços de samba que a nossa Academia das Ciências resolveu encenar no seu tão volumoso quanto inútil Dicionário.

De facto, "maquiagem" é a corruptela brasileira de "maquilhagem". Nada contra, desde que se lhe dê bom uso lá onde viu a luz do dia. E se pensam em acusar-me de xenófobo ou inimigo da diversidade cultural, pois fazem muito bem - ou muito mal. Nestas questões do ler e do escrever, sou intransigente: neste jardim à beira-mar plantado, por favor, fale-se o português que nos ensinaram nos bancos da escola, sem concessões a facilidades ou modas. Não deve ser por acaso que, nos programas informáticos e na Internet, se dá a escolher entre Português de Portugal e do Brasil - é o reconhecimento ímplicito da tal diversidade cultural, o abraçar de duas maneiras diferentes mas legítimas de amar as palavras e os outros.

E se os nossos irmãos do outro lado do mar defendem o seu património linguístico com unhas e dentes, porque diabo havemos nós de nos acagaçar, de nos diminuirmos aos nossos olhos e do mundo, em nome de uma parolice politicamente correcta? Será que é recuando no fundamental que estamos a pensar atingir lugar cimeiro no concerto das nações? No mundo globalizado que está a nascer, os países terão que se afirmar pelas suas especificidades, pelo que de vero lhes corre nas veias. Defender o nosso modo de falar e escrever, com toda a coragem e determinação possíveis, pode não ser uma questão de sobrevivência, mas é um factor vital para a nossa auto-estima, numa sempre renovada afirmação de identidade e orgulho nacionais. Deixemo-nos, pois, de tibiezas!

Fiquem bem. Vemo-nos por aí...

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

pois é jó o povo português infelizmente tem este defeito, deviamos defender com mais força o q é nosso e n estar só "preocupados" se o sporting ou o benfica ganham...

quinta-feira, 16 fevereiro, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Boa Jorge! Continua 'tou gosstando;-)
Pedro F.

quinta-feira, 23 fevereiro, 2006  

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