Politicamente (in)correcto 1
Observação básica: há prostituição. Pergunta básica: porquê? Resposta básica: porque há mercado. Oferta e procura. Por um lado, condições socio-económicas adversas podem levar ao compromisso faustiano de vender a própria carne em troca da sobrevivência. E, mais do que o corpo, a renegar um projecto de vida – ou a sua hipótese. A prostituição é uma das facetas mais degradantes da condição humana, lá onde o amor-próprio rasa a estaca zero. Não é coisa bonita de se (vi)ver. Desiludam-se, pois, os líricos e as “tias” que guardem o frasquinho dos sais. Nenhum petiz irá, entre dois goles de leite, proclamar solenemente: “Quando for grande, quero ser prostituta(o)!”.
Numa nesga do outro prato da balança, a fascinante complexidade da vida: casamentos enviesados, rotas de solidão, busca de afecto, formas diferentes e inconfessáveis de viver a sexualidade. Mas o que realmente equilibra o fiel é o velociraptor que existe em nós, homens… e mulheres (?). Diz-me a experiência diária (pessoal e alheia…) que não podemos ver um palmo de pele sem que fiquemos logo com partes do corpo aos saltos. Está bem que as senhoras levam foguetes para a festa, estes calores de Verão a pedirem vestes mínimas. Mal iria o mundo se desviássemos o olhar, se o sangue não nos disparasse pelas veias à velocidade da luz. É de lei, são as regras da atracção, faz parte do código genético das relações humanas. E, todavia, eu queria acreditar que evoluímos um nadinha desde o tempo das savanas. Que, apesar da nossa natureza animal, aprendemos a usar o nosso grande cérebro para dominar os impulsos. Que, embora gulosos, temos discernimento quanto baste para estabelecer limites. Que o amor e o respeito devido ao nosso semelhante podem ser travão às grosserias que largamos boca fora, muitas vezes nas costas do Outro.
Posto isto, não tenhamos ilusões. A menos que o mundo dê uma grande reviravolta, a prostituição connosco nasceu e connosco há-de morrer. Em grande parte devido a este modelo de sociedade que construímos, patriarcal, que se revê na dominação do sexo oposto. Mas também porque, pese embora o meritório trabalho de organizações humanitárias que tentam dar rumos de vida a essas “mulheres da rua”, há aquelas que não querem ser resgatadas. “Habituei-me a isto, o que é que vou ficar a fazer em casa?”, dizia uma prostituta a uma jornalista do “Expresso”. Por ela e tantas outras, seria bom que nos abstivéssemos de puritanismos, que não teimássemos em varrer a realidade para debaixo do tapete. Que criássemos condições sanitárias e normas legais para garantir a segurança dessas profissionais, inclusive o direito à segurança social através dos impostos pagos com o árduo trabalho de satisfazer desejos e prazeres que não os seus. Isso sim, seria mesmo o triunfo do amor sobre o preconceito.
Fiquem bem. Vemo-nos por aí…
Numa nesga do outro prato da balança, a fascinante complexidade da vida: casamentos enviesados, rotas de solidão, busca de afecto, formas diferentes e inconfessáveis de viver a sexualidade. Mas o que realmente equilibra o fiel é o velociraptor que existe em nós, homens… e mulheres (?). Diz-me a experiência diária (pessoal e alheia…) que não podemos ver um palmo de pele sem que fiquemos logo com partes do corpo aos saltos. Está bem que as senhoras levam foguetes para a festa, estes calores de Verão a pedirem vestes mínimas. Mal iria o mundo se desviássemos o olhar, se o sangue não nos disparasse pelas veias à velocidade da luz. É de lei, são as regras da atracção, faz parte do código genético das relações humanas. E, todavia, eu queria acreditar que evoluímos um nadinha desde o tempo das savanas. Que, apesar da nossa natureza animal, aprendemos a usar o nosso grande cérebro para dominar os impulsos. Que, embora gulosos, temos discernimento quanto baste para estabelecer limites. Que o amor e o respeito devido ao nosso semelhante podem ser travão às grosserias que largamos boca fora, muitas vezes nas costas do Outro.
Posto isto, não tenhamos ilusões. A menos que o mundo dê uma grande reviravolta, a prostituição connosco nasceu e connosco há-de morrer. Em grande parte devido a este modelo de sociedade que construímos, patriarcal, que se revê na dominação do sexo oposto. Mas também porque, pese embora o meritório trabalho de organizações humanitárias que tentam dar rumos de vida a essas “mulheres da rua”, há aquelas que não querem ser resgatadas. “Habituei-me a isto, o que é que vou ficar a fazer em casa?”, dizia uma prostituta a uma jornalista do “Expresso”. Por ela e tantas outras, seria bom que nos abstivéssemos de puritanismos, que não teimássemos em varrer a realidade para debaixo do tapete. Que criássemos condições sanitárias e normas legais para garantir a segurança dessas profissionais, inclusive o direito à segurança social através dos impostos pagos com o árduo trabalho de satisfazer desejos e prazeres que não os seus. Isso sim, seria mesmo o triunfo do amor sobre o preconceito.
Fiquem bem. Vemo-nos por aí…
2 Comments:
Prostituição, uma profissão?
não sei não...
Acho que muitas prostitutas(os) iriam deixar suas "profissões" apartir do momento que pagassem impostos.
O meu local de trabalho é perto de uma zona de prostituição e algumas vezes fui confundida com profissionais do sexo (sabe-se lá porquê!) e foi das coisas mais terroríficas que senti (bombardeio-os sempre de manguitos).
Resumindo, não sei se deverá ser encarado com tanta naturalidade, não sei se a prostituição deve ser profissão, se deve ser assegurada, se devem haver melhores condições para, ou se deve haver soluções para...
Se calhar para uma sociedade ideal dever-se-ia solucionar o problema criando alternativas.
Se calhar para a sociedade real dever-se-ia melhorar as condições de vida destas pessoas.
e nesta dualidade do ideal/real, não sei não.
Ora estava aqui a falar sobre este post do jorge, com a xu minha amiga e ela mi dissi:
"Sinceramente acho que devia ser legalizada!...
É a derradeira questão: cada um tem o direito de escolher! mesmo que essa escolha esteja a milhas da nossa!"
e pronto, ora aqui está uma verdade. Não há mais nada a dizer.
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